Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realizaram um estudo sobre a qualidade do pólen apícola de diferentes municípios produtores, bem como de amostras comerciais, envolvendo aspectos de qualidade tais como propriedades físico-químicas, perfil de ácidos graxos, presença de compostos bioativos e atividade antioxidante. Os resultados foram publicados na Brazilian Journal of Food Technology, volume 26, com o título Physicochemical composition and functional properties of bee pollen produced in different locations.

Os dados, obtidos através de análises das amostras desidratadas e trituradas, mostraram variações significativas quanto às propriedades investigadas. A amostra da cidade de São Miguel do Gostoso/RN apresentou a maior atividade de água (Aa), de 0,40, em relação às demais, seguida por Atibaia/SP e Bambuí/MG, com valores de 0,39 e 0,35, respectivamente. O menor valor foi alcançado pela amostra de Touros/RN (0,32). A propriedade está relacionada à quantidade de água disponível para as reações de degradação,ou seja, quanto maior a Aa, mais rapidamente alterações de qualidade ocorrem, diminuindo a vida útil do produto.

Os teores de proteína também diferiram significativamente, variando de 19,91% (Atibaia/SP) a 29,71% (São João do Sabuji/RN). O pólen de São João do Sabuji/RN apresentou o maior teor de proteína em relação às demais amostras, seguido por Taipu/RN, São Miguel do Gostoso e Touros/RN, que foram semelhantes entre si e superiores a Atibaia/SP e Bambuí/MG. As amostras avaliadas apresentaram teores de proteína superiores à média relatada por De-Melo et al. (2016) em polens coletados em plantio de eucaliptos no estado de São Paulo, de 10,7%. A proteína é o componente principal dos polens de abelhas, e os teores obtidos se mostraram superiores aos reportados para ovos de galinha cozidos, e comparáveis aos apresentados por rosbife grelhado, tradicionais fontes do macronutriente.

Quanto aos teores de ácidos graxos, o pólen produzido em Touros/RN, obteve o maior percentual (41,60%), enquanto a amostra coletada em Taipu/RN apresentou maior percentual de ácidos graxos monoinsaturados (7,44%).

Adicionalmente, as amostras de pólen apresentaram baixos teores de carotenoides totais (0,81 a 22,82 μg/g), alto teores de compostos fenólicos totais (1,79 a 2,28 mg EGA/g) e alta atividade antioxidante (1,40 a 5,70 μmol TE/g) quando comparados à literatura. Todas as amostras de pólen apresentaram coloração vermelho-amarelada, destacando-se o pólen produzido em Touros/RN, com coloração mais clara. As diferenças nos parâmetros de cor podem estar relacionadas à diversidade floral das regiões.

O estudo demonstrou que os pólens produzidos nas diferentes regiões apresentam variações importantes em suas propriedades físico-químicas e funcionais, refletindo as diversidades inerentes das áreas de produção. Os resultados contribuem para um melhor entendimento sobre os efeitos na composição dos nutrientes e nas características físico-química do pólen de abelha de fatores tais como clima, tipo de solo, época de coleta, e origem botânica. O conhecimento pode, também, ajudar no uso terapêutico do produto.

Revisado por SciELO em Perspectiva.